Meu aniversário de 29 anos

Céus, e esse sentimento de “finalmente acabou” que eu nem sabia que existiria?



Finalmente não tenho que pensar nos pormenores de uma festa. Posso voltar aos meus bordados sem precisar costurar saquinhos de lembrancinha.


A concepção da festa veio no fim do ano passado, quando mais uma vez o meu aniversário passou despercebido em meio às reuniões de fim de ano. Nem me importei de ser idade redonda, fica como se fosse meu número da sorte. 29 é o dia do meu aniversário, foi meu número da chamada da escola por muitos anos, e me lembro de um cassino infantil que eu e Felipe compramos juntando R$ 29,90 de moedinhas por muitos e muitos meses e compramos na loja Katia sem saber ao certo como jogar.  Por fim, jogávamos muita roleta e me lembro de ter sentido a vibração de cada número e escolhido o 29. Ganhei moedas coloridas. Esses fatos reunidos devem servir para a mística de fazer um grande aniversário de 29 e não de 30.


Queria um almoço no sábado do dia 30/12, mas é impossível alugar um lugar dentro da cidade nesse dia (ou porque o lugar abre e o movimento é grande, ou porque estaria em recesso). Além disso, Marcelo me disse que a família dele certamente não poderia ir porque guarda o sábado diurno. 


Assim, a festa foi lançada para a noite, um sunset, quem sabe?


A data também mudou. Eu e Sofia fomos passar um sábado em Santa Helena e falei para vó sobre meu aniversário, que era só uma ideia. Sofia disse: porque você não faz antes do natal e a gente como o resto dos doces na ceia? Boa ideia, mesmo. 

Tentei alugar uma casa com jardim no Jardim Maringá, mas não me deram reposta. Quis alugar uma mega chácara com piscina (Morada da Sol), me custaria R$ 13 mil. Chorei quando percebi que alugar o lugar já era por si só uma grande missão. Resolvi que a festa seria no meu jardim, orcei as mesas e cadeiras e taças “bico de jaca”. Parecia fácil. Mas e banheiro e cozinha? Não dá. 


Por fim, voltei à minha ideia dormente de alugar o restaurante Flor de Milho que tem uma bela entrada. Isso foi fácil. 




A decoração foi uma dificuldade também, porque é muito caro. Já não daria mais para ter apenas flores naturais. Escolhi uma opção meio termo – mas no fim ela me entregou só as planejadas flores naturais porque haviam sobrado de outra festa. 



Agora era escolher o cardápio – eu sempre pensei em ser apenas vegetariano. No início de dezembro fui no restaurante orçar, cerca de R$ 70 por pessoa. Marcelo disse que não gostava da ideia formal de jantar, “que tal burguers?”.


Outra missão era procurar burguers veggies: o Madô não poderia entregar essa quantidade. Os restaurantes não fazem/me respondem. Voltei a mandar mensagem no Madô, “35 salada e 35 bacon, quanto fica? Eu queria mesmo era veggie, mas acho que vocês não conseguem fazer né?” “Consigo sim”. Uhhul, nem acredito. 70 sem cebola (porque eu sei que vem em muita quantidade e as pessoas não amam como eu). 


Agora era ajeitar a lista de convidados, cada vez mais desconfirmações. Eu me olhava no salão de beleza às 16h tentando não chorar: parecia muito trabalho e muito investimento emocional para 30 pessoas (eu nunca me importei muito com o valor, embora que quisesse gastar até R$ 10 mil). Tentei me desvincular dessa ideia. Minha psicóloga já tinha me dito: as pessoas desmarcam, desistem, confirmam e não vão e isso não tem nada a ver com você.  


A cabeleireira me perguntou: “Está atrasada?” “Não”. Ela me perguntou algo como estar ansiosa, e a resposta foi: “Cada vez mais pessoas desconfirmando, estou um pouco frustrada”. Ela me respondeu: “Mas o importante é sua família estar lá”. Bom, eles não vão também.  Família do Marcelo e família de Santa Helena não viriam.


Mas estariam minha mãe e irmãos, Marcelo e Lennon, meu pai e tia Mayra e madrinha. Em outra mesa o clube do livro, em outra a família da Roseli e em outra algumas pessoas da Defensoria e uma amiga da época da faculdade.


Então, me concentrei apenas em ir, afinal estava tudo organizado, agora é sentar e escutar música. 


Ahh, esqueci de falar: “já que não haverá buffet do restaurante, os pratos não estão inclusos, você terá que alugar”, disse a Elizângela, dona do restaurante. Tentei alugar, o rapaz não me respondia o orçamento. Outros buffets se quer visualizavam minha mensagem. Assim, aderi aos descartáveis e à máxima: “é aniversário, não é casamento, é para ser mais simples mesmo”. 


Tudo comprado na medida de 70 pessoas. 


Eu me olhava no salão de beleza e dizia: cara, não vai ter nem 50 pessoas.


Todos os confirmados foram, exceto uma moça do clube do livro. No lugar dela veio uma moça que eu não conhecia do clube do livro. 


Reduzi o pedido do burguer de 70 para 60 e economizei R$ 270

Deveria ter feito o mesmo com as 60 batatas. 

Havia 200 doces lindos, que sobraram mais da metade. 

Os bolos gelados em porções individuais estavam lindos e muito gostosos, sobraram cerca de 25.


E o aniversário, que no fundo tinha um “Q” de experiência para uma futura festa de casamento, serviu para outras lições:


- Eu convidei vocês para comer e escutar música, não há o que reparar quanto a isso.

- A melhor data para um convidado não é a melhor data para mim.

- Meu próximo aniversário será em 29/11, assim mais pessoas estarão presentes. Afinal nem eu estarei na cidade dia 29/12.

- É mais fácil do que parece ser a pessoa mais importante da festa. Todos param quando você chega.


Obs: os restaurante também não me indicou os 02 garçons, então eu tive que ir atrás. Ninguém podia. O pessoal do Carpe Diem já tinha reservado todo mundo. Affe. A quem recorrer? Andriely! A estagiária que trabalha servindo drinks me indicou duas meninas me confirmaram (ainda ganhei um elogio da estagiária: parabéns Lília, poucas horas e um bom cachê, eu estou até desistindo de ir como convidada). Mas no dia só apareceu uma garçonete, a outra parou de me responder. Isadora arregalou os olhos e eu disse que ela poderia chamar um conhecido. Em poucos minutos ela descobriu que a outra garçonete estava internada, arranjou um colega garçom, arrumou tudo bonito (os doces na mesa, as batatas no prato), ficou até depois de servir o bolo, lavou as taças de vinho. E impressionou por sua beleza até minha irmã Sofia.


Ah, no dia 22, véspera do meu aniversário o rapaz das louças me mandou mensagem: “Tudo certo para amanhã?” “Tudo, já comprei descartáveis” “Até os garçons?” “Sim”. Por alguma razão ele parecia haver reservado isso para mim. Mas sem o valor, não há como te contratar, amigo. 

Esse foi o resumo da parte prática de de organizar uma festa ao longo do ano.

As próximas serão mais fáceis, tanto porque já sei os caminhos, quanto o que realmente é preciso.

Gosto da anedota da Izabela: “Eu não lembro nada do meu casamento, apenas um flashes”. É tanta coisa que a gente se concentra em apenas cumprir os rituais. Acho que me lembro do meu aniversário, ou será que só do caos de organizá-lo? Não sei, só sei que a noite foi mais fácil e simples do que eu imaginava.

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