Abandonar um gato, de Haruki Murakami - livro

É um relato curto de memórias selecionadas que Murakami tem do pai, referenciadas por momentos da história do Japão. 



Na página 91, quase no fim do livro, na entrada intitulada “A sensação de tornar-se invisível” o autor revela “não sei se um texto de cunho pessoal como esse interessa aos leitores”. No pósfácio (página 103) expõe “quebrei a cabeça pensando qual seria a melhor forma de publicar esse texto curto, mas por fim decidi fazer um pequeno livro só com ele, acompanhado de ilustrações. Isso porque, tanto pelo conteúdo como pelo tom, seria difícil combiná-lo com outras obras minhas”.

É sobre um pai com o rigor cunhado pela guerra com a China e a 2ª guerra mundial, que por lapsos de sorte, conseguiu seguir carreira acadêmica e dava muito valor ao estudo formal. E sobre um filho, que cresceu num ambiente de paz e não cedeu a todos os sonhos não realizados do pai projetados em si. 

E nesse passo, essas duas pessoas se distanciam por mais de vinte anos, até se reencontrar no leito de morte do mais velho, quando, provavelmente, deram-se conta dos erros cometidos. A entrada “Uma conversa desajeitada com meu pai, aos noventa anos” (página 87) é o que provavelmente todos nós que temos os pais vivos vamos viver, de um jeito ou de outro.

Abandonar um gato leva esse nome pois o texto surgiu da memória de tentar abandonar uma gata na beira da praia. Os gatinhos mencionadas ao longo do texto dão leveza e servem de metáfora às histórias.

Enfim, um livro que poderia ter um tom amargurado, mas escolheu não contar tudo e por isso pinta um bom pai fruto de seu tempo.


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