Qual é o problema de Anna Kariênina?





*CONTÉM SPOILERS*


Anna é uma mulher incrível, divertida, bonita, amiga, sedutora. Todos gostam dela, inclusive as mulheres. 

Mas ela escolheu viver o amor com Vronski em vez de manter o casamento. E por amor ao filho de nove anos, para que mantivesse o nome e as oportunidades, não manteve sua guarda. Essa foi sua perdição. Não se substitui um filho por outro, então, ela nunca se recuperou de tê-lo deixado órfão, a saudade a consumia.

O problema de Anna é pertencer a uma época diferente de sua mentalidade: ela precisava do divórcio, mas esse instituto foi ter alguma dignidade décadas depois de Anna o requerer. 

A falta de pertencimento, por vezes, é o problema das personalidades fortes: elas parecem desencaixadas da sua época.

Quantas vezes não xinguei Anna: deixe isso para lá, seu filho não perderá seu valor se perder o sobrenome. Mas sua visão era muito encurtada.

Preferiu sucumbir. 

O que faz da outra personagem feminina do livro, aquela que casou com o Liev e foi preterida por Vronski, muito mais a minha cara. Aquela personagem que não me lembro o nome, aquela que conseguiu ter a vida pacata e com sofrimentos mínimos. Aquela que precisava existir para contrapor-se a Anna, cuja desgraça fictícia é explorada há décadas.

Anna é tão forte que a gente nem consegue culpar Vronski. Ele não seria capaz de seduzi-la, ela legitimamente escolheu viver com ele. Mal sabia ela que era não era forte o suficiente para viver sem o filho.


Imagem: Vivien Leigh em Anna Karenina, filme (1948)

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