Reflexão sobre saber do futuro

 




Sempre que penso em algum sofrimento e eu sei que é passageiro, como quando minha irmã resolveu fugir de casa a noite e não voltou no outro dia, ou mesmo num luto, digo para mim mesma: se a gente soubesse o quanto tempo iria levar, seria mais fácil lidar com aquele momento.

Minha irmã fugiu por exatas 24 horas, e olhando de longe, nem foi tanto tempo assim, mas cada hora foi em certa medida mais ou menos agoniante, e todas de aperto no coração. Quando minha vó morreu, os primeiros dias foram de vazio, depois meu coração voltou a ficar cheio. Foi rápido, pouco, mínimo, diante da existência dela.

Ouvi parte de um podcast hoje sobre burnout. Simplificam sua conceituação como um excesso de estresse paralisante, numa sociedade com excesso de presente.

Talvez eu querer saber quanto tempo vai levar cada coisa seja só eu me situando na geração ao qual pertenço, que é ansiosa demais. Ansiedade é uma das heranças genéticas da família do meu vô Catonho, e só não me é pior porque não tenho um trabalho que me demanda atividades criativas (atualmente é extremamente passivo: que venham as dúvidas para que eu as responda).

Saber quanto tempo vai levar um relacionamento deve ter o mesmo efeito que os filmes em que se viaja para o futuro e depois volta-se ao passado: Se eu souber como será o futuro e fizer qualquer coisa diferente, vou mudar a linha do tempo e a resposta não será mais aquela que eu tinha. Ou pode ser que não adiante nada eu saber do futuro porque tudo que eu fizer para evitá-lo vai me levar imediatamente para ele.

Para ambos os casos, melhor o segredo, já me basta a ansiedade do presente.

Obs: reflexão a partir do término da Idalina: dois namorados terminaram com ela e ela nunca se casou. Vive sem filhos, junto com uma irmã. O clichê dos clichês. Será que se ela soubesse que não seria nenhum deles ela teria se quer começado?



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 #avós #Sofia

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