Como você gostaria de morrer? Parte II

Frederico, pai do meu vô Catonho morreu de soluço. Acordou um dia soluçando, passou alguns dias assim; numa tarde, sentados no gramado da colina na beira da casa, após o jantar, Frederico brincou: “Toni (meu vô), me dê um susto para esse soluço passar!”. “Que nada, pai, amanhã levaremos o senhor ao médico”. 

Na tarde em que morreu, o médico da família, dr. Mário, perguntou para nona Mélia se ela queria que chamassem um padre. Ela disse que não. Naquela tarde também os filhos preferiram terminar a colheita de amendoim (que trimestralmente trazia dinheiro a família, diferente do café, que malemal tinha preço anualmente). Ninguém achou que ele fosse morrer.

A notícia chegou enquanto todos dormiam, junto com o corpo. Nona Mélia e o marido foram trazidos de caminhonete ao sítio onde moravam e no dia seguinte foi o enterro.

Já o irmão do meu vô, tio Paulo, morreu com uma injeção. Por alguma razão ele foi levado ao médico e lá ficou internado. Estava no pátio e uma enfermeira chamou dentre os recolhidos: “Quem é o Paulo?”, ele se apresentou e recebeu uma injeção. Dali uns minutos morreu: a injeção não era para ele, tinha outro Paulo internado.


Obs: Para esses personagens não tenho foto, mas segue a do meu avô, que deve ser muito parecido.



#vôCatonho #avós

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